28 de outubro de 2020

Político sem voto não disputa a reeleição

 Com mais de 50 anos como jornalista político (jornais Estado de Minas, Diário da Tarde, Sucursal de O Globo em BH, rádios Guarani e Iconfidência, Assessor de Imprensa do governo Francelino Pereira, presidentes da Associação Mineira de Imprensa e do Centro dos Cronistas Políticos de Minas Gerais), constatei que político deixa de  disputar à reeleição para cargos executivos porque já não tem mais voto, a não ser a obstinação de alguns pelo Poder.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito porque tinha voto. Mas teve que investir alto para mudar a Constituição. Hoje não teria mais voto. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva foi também reeleito porque tinha voto. Atualmente, condenado pela Justiça e envolvido em outros escândalos, provavelmente, não conseguiria mais um mandato.

Agora está em discussão a reeleição dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. A Constituição proíbe expressamente que um parlamentar ocupe a presidência da Câmara e do Senado por dois mandatos consecutivos numa mesma legislatura.

O Supremo Tribunal Federal vai decidir se é possível ou não a reeleição numa representação de esclarecimento da cúpula do PTB. A tendência do  STF é não se envolver no assunto, deixando a decisão para as  duas casas do Legislativo.

Se isto ocorrer, o senador Davi Alcolumbre tem  o apoio da maioria dos 81 senadores para continuar no cargo, mas o mesmo não ocorre com Rodrigo Maia por falta de voto. Ele foi eleito com o apoio do Centrão, que hoje está ao lado do governo. Maia continua dizendo que não é candidato.

Por aí se vê que há necessidade de mudanças na Constituição. O atual líder do governo na Câmara dos Deputados está defendendo uma nova Constituinte para elaborar uma nova Constituição. Vai ser muito difícil. Mas a mudança é importante. É um absurdo, por exemplo, o presidente da República, governadores e prefeitos poderem disputar a reeleição sem se afastar dos cargos, enquanto ministro e secretários estaduais e municipais precisam desincompatibilizar-se. A disputa fica muito desigual, num Pais também desigual.

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